A função de gestão de produto tem se tornado uma função bem importante nas empresas de web, ou mesmo nas empresas tradicionais que tem um braço web relevante. Contudo, ela é absolutamente desnecessária numa startup, onde esse papel é feito pelo fundador. A questão é que à medida que a startup cresce, o fundador não consegue mais cumprir todas as funções de gestão de produtos, e aí é necessário ter alguém para ajudar. Quando entrei na Locaweb, ela já tinha mais de 100 funcionários e eu, de uma certa forma, herdei essa função do Gilberto Mautner, fundador da Locaweb. No início meu papel era muito mais de execução do que de estratégia. Só comecei a participar de forma mais ativa na estratégia da empresa e dos produtos da Locaweb quando comecei a entender melhor a empresa, seus clientes, seus produtos e o mercado onde ela atua. O Larry Page, fundador do Google, antes de se tornar CEO do Google em 2011 era o “Presidente de Produtos”. Ou seja, essa função de produtos tem muito a ver com startup e a visão de produto dos fundadores. Veja abaixo uma lista de fundadores de empresas conhecidas que têm uma forte visão de gestão de produtos:
Todos eles identificaram uma oportunidade, estabeleceram uma estratégia de produto, definiram um produto, inspiraram um time de engenheiros a fazer o produto e colocaram o produto na frente de seus clientes e usuários. Esse é o papel de um gestor de produtos.
Gestor do produto é o CEO do produto
É comum ouvir em conversas sobre gestão de produtos que o gestor do produto pode ser visto como o CEO do produto. Os CEOs têm a visão da empresa e são, em última instância, responsáveis pelo fracasso ou sucesso das empresas que comandam. Com o gestor de produto é similar, só que com uma vantagem, que algumas pessoas acham que é desvantagem. O gestor do produto deve ser responsável pela visão do produto e, em última instância, pelo sucesso ou fracasso de seu produto. Só que, diferentemente do CEO, ele não é chefe de ninguém, ou seja, deve convencer as pessoas a trabalharem em seu produto. Isso pode parecer uma desvantagem a princípio, mas acaba se tornando uma enorme vantagem pois, não tendo autoridade e tendo que convencer os outros a trabalhar em seu produto faz com que o gestor de produtos realmente saiba porque essas pessoas devem trabalhar nesse produto, deixando claro quais os benefícios que trabalhar nesse produto irá trazer para o cliente, para a empresa e para as pessoas que trabalham nele.
Faz sentido ter gestor de produto numa startup?
Numa startup, o fundador, que normalmente é o CEO, deve fazer de tudo. Fechar acordos com investidores, com fornecedores, com clientes e com a equipe de desenvolvimento. Assim como numa empresa grande o gestor de produtos pode ser visto como CEO do produto, numa startup, o fundador/CEO deve ser o gestor de seu produto. Se o fundador da startup domina o negócio, o mercado e sabe o que quer, ele mesmo deve fazer este papel, até que a empresa cresça e realmente precise de um gestor de produtos “profissional”. Até lá, ele mesmo deve sê-lo. Caso contrário, ele definirá as prioridades e como elas devem ser feitas, transmitirá para um gestor de produtos, e ele será meramente seu intermediário com a equipe de desenvolvimento. Ele não terá autonomia nem autoridade para tomar as decisões, e acabará sendo desnecessário na empresa.