Já comentei nos posts “Por que ter uma startup?” e “Exemplo de retorno não financeiro” que o objetivo de seu produto não é ter maior quantidade de receita possível, mas sim resolver o problema ou atender a necessidade de um conjunto de pessoas. A receita deve ser vista como uma das formas de garantir a sustentabilidade do seu produto e de medir o sucesso do produto.
O problema é que ao longo da vida de seu produto vc certamente terá dúvidas se está no caminho certo ou se é preciso fazer alguma mudança para atingir os objetivos do seu produto.
Mudança de rumo, um caso prático
No final de 2012 a Locaweb decidiu investir em uma startup chamada Eventials, uma plataforma para transmissão de palestras online. Nessa época a Eventials vinha crescendo em termos de visitantes e número de palestras online e a equipe decidiu reescrever toda a aplicação para atender a demanda por novas funcionalidades e evitar gargalos na infra-estrutura. No início do segundo trimestre de 2013 a nova aplicação foi lançada. Também nessa época a equipe da Eventials, que era de Blumenau, decidiu se mudar para São Paulo, para dentro do escritório da Locaweb. Comecei a ter reuniões semanais com o Thiago Lima, fundador da Eventials, para que pudéssemos trocar experiências sobre startups e gestão de produtos.
O modelo de negócios adotado foi o do Freemium com “Pay-As-You-Go”, ou seja, o palestrante podia criar palestras gratuitas mas para poder ter todos os benefícios da plataforma (estatísticas, palestras pagas, palestras privadas, etc.), o palestrante precisava comprar créditos que eram consumidos quando os visitantes assistiam as palestras. O problema desse modelo era exatamente esse, a dependência da audiência. Se a palestra não tivesse audiência, os créditos não seriam consumidos. A inspiração desse modelo de negócios é o modelo adotado por provedores de infra-estrutura em cloud como AWS, Rackspace e a própria Locaweb, onde o servidor é vendido por hora. A diferença é que para os provedores de infra-estrutura em cloud, o cliente é cobrado desde o servidor esteja ligado, tendo ou não uso. Já na Eventials a cobrança só acontecia se o cliente tivesse audiência.
Pensando nisso, no final de 2013 Thiago resolveu mudar o modelo de negócios e para venda de planos ao invés de créditos:
Esse modelo está em operação desde janeiro de 2014 e os resultados já são visíveis. A receita que era mais ou menos flat passou a mostrar um padrão de crescimento mais claro. Não houve reclamações por parte dos clientes antigos, que converteram para o novo modelo sem queixas. O resultado pode ser visto abaixo:
A teoria por trás da prática
O que o Thiago fez foi uma das possíveis estratégias de mudança de rumo que poderiam ser feitas. A mudança que ele fez foi uma mudança na forma de captura de valor, ou seja, ele estava cobrando por créditos tipo “pay-as-you-go” e mudou para o modelo de assinatura mensal. Existem várias maneiras de se mudar o rumo de produto, todas elas válidas tanto para startups como para novos produtos de empresas estabelecidas:
Está aí uma lista de 10 formas de vc mudar o rumo do seu produto para que vc possa atingir os objetivos desse produto.
Note que algumas dessas maneiras de mudar o rumo de um produto podem tb servir como forma de se expandir o portfólio de produtos, conforme expliquei nessa série de artigos:
Comentários
E vc, já usou alguma dessas mudanças de rumo em seu produto? Qual foi o resultado? Conhece alguma outra forma de mudar o rumo de seu produto? Compartilhe!