Em novembro de 2015 a ThoughtWorks, uma empresa de consultoria em desenvolvimento de software bastante conhecida por estar sempre um passo à frente da indústria de software, colocou em seu Technology Radar, relatório periódico com sua visão sobre técnicas, linguagens, plataformas e ferramentas relacionadas a desenvolvimento de software, o conceito de “Products over Projects” já classificado como adopt. Em resumo, eles enxergam que desenvolvimento de software não deveria ser encarado como um projeto com começo, meio e fim, mas sim como um produto, que suporta processos da empresa que é dona do software, e que necessita de manutenção durante todo o seu ciclo de vida, que será tão longo quanto o ciclo de vida do processo de negócio que este software suporta. Isso é algo que defendo há muito tempo, quase que desde o início de minha carreira, e fiquei muito contente ao ver a ThoughtWorks “assinando embaixo” dessa técnica.
Há algum tempo eu também enxergo que gestão de produtos poderia ser útil não só para softwares com clientes externos, como também para sistemas internos, desenvolvidos e implementados para serem usados pelos funcionários da empresa e não por seus clientes. Tanto que escrevi um artigo sobre o tema em que propus um job description para essa função. Nessa mesma época criamos essa função para o time de Sistemas Centrais da Locaweb que, como o nome diz, cuidava de sistemas que eram centrais da Locaweb e tinham cadastro de cliente, catálogo de produtos, relacionamento cliente-produto e cobrança. Ao termos essa função no time, a relação das outras áreas com esse time melhorou muito. Quando entrei na ContaAzul, em agosto do ano passado, havia também um time com esses mesmos objetivos e o time estava criando essa função de gestão de produtos para ajudar na interface com as outras áreas.
Qual não foi minha alegria ao ver que, mais uma vez, uma técnica que uso há algum tempo para ajudar a criar softwares melhores é mapeada pelo time da ThoughtWorks! Na última edição de seu Technology Radar, eles sugerem “aplicar gestão de produtos para plataforma internas”:
Observamos um aumento acentuado do interesse no tema das plataformas digitais nos últimos 12 meses. As empresas que procuram desenvolver novas soluções digitais de forma rápida e eficiente estão construindo plataformas internas, que oferecem acesso de auto-atendimento à s equipes, ferramentas, conhecimento e suporte das empresas necessárias para construir e operar suas próprias soluções. Achamos que essas plataformas são mais eficazes quando recebem o mesmo respeito que uma oferta externa de produtos. A aplicação de gerenciamento de produtos a plataformas internas significa estabelecer empatia com consumidores internos (ler: desenvolvedores) e colaborar com eles no projeto. Os gerentes de produtos da plataforma estabelecem roteiros e garantem que a plataforma ofereça valor ao negócio e melhora a experiência do desenvolvedor. Alguns proprietários até criam uma identidade de marca para a plataforma interna e usam isso para comercializar os benefícios para seus colegas. Os gerentes de produtos da plataforma cuidam da qualidade da plataforma, coletam métricas de uso e melhoram continuamente ao longo do tempo. Tratar a plataforma como um produto ajuda a criar um ecossistema próspero e evita a armadilha de construir outra arquitetura estagnada e subutilizada orientada a serviços.
Certamente isso ajudará a termos softwares cada vez melhores, incluindo os sistemas internos, que atendam as necessidades de seus usuários ao mesmo tempo que ajudará o dono desse software a atingir seus objetivos.
Isso é muito bom para a indústria de software. Isso é muito bom para a gestão de produtos de software! \o/
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