Assim como com as funções de gestão de marketing de produtos e gestão de produtos que, conforme vimos no capítulo anterior, são bastante distintas, mas apresentam sobreposição; as funções de gestão de projetos e de gestão de produtos também são bem distintas, mas também apresentam bastante coisa em comum.
Antes de falar sobre a diferença entre essas funções, é preciso deixar claro a diferença de projeto e produto. Vou recorrer mais uma vez à Wikipédia:
Projeto
Um projeto em negócio e ciência é normalmente definido como um empreendimento colaborativo, frequentemente envolvendo pesquisa ou desenho, que é cuidadosamente planejado para alcançar um objetivo particular.
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Project
Produto
O termo produto é definido como “algo produzido pelo trabalho ou esforço” ou como “resultado de um ato ou processo” e tem sua origem no verbo produzir, do Latim produce(re), ‘fazer existir’.
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Product_(business)
Enquanto o projeto é um processo com começo, meio e fim; o produto é o resultado de um processo, de um esforço.
Veja na tabela abaixo as principais diferenças entre projeto e produto:
Projeto | Produto |
Tem começo, meio e fim claramente definidos. | Começo e meio são identificáveis, mas seu fim não. |
Foco na entrega com um caminho bem delimitado | Foco no resultado com um objetivo bem definido |
Escopo fechado definido no planejamento | Testes e validações de ideias guiam o caminho |
Pode funcionar em cenários previsíveis | Indicado para cenários e contextos voláteis |
Para ajudar a tangibilizar essas diferenças, aqui vão alguns exemplos:
Sim. Enquanto se está gerindo um projeto, a preocupação é com o processo e com tudo o que o cerca, ou seja, se está no prazo, se tem tudo o que é necessário e se está sendo feito com a qualidade esperada.
Por outro lado, quando gerimos um produto, a maior preocupação é garantir que este resolva um problema do cliente a quem ele é destinado, e atenda aos objetivos da empresa.
Em um post de 2007 do blog How To Be A Good Product Manager – disponível em https://www.goodproductmanager.com/2007/09/24/product-management-vs-project-management/ –, o autor Jeff Lash lembra alguns pontos importantes que não devemos esquecer quando pensamos em gestão de projetos e gestão de produtos:
Já Marty Cagan deixa clara a necessidade de separação desses papéis em um de seus posts – disponível em https://www.svpg.com/product-management-vs-project-management/:
“Para empresas de internet é realmente importante que os papéis sejam separados. Você vai ter problemas em gerenciar seus releases se você não separar esses papéis, e seus releases vão sempre atrasar e demorar mais do que deveriam.” – Marty Cagan
As metodologias ágeis, mais especificamente o Scrum, têm dois papéis claros no time: um focado mais no projeto, o Scrum Master; e outro focado mais no produto, o Product Owner (PO):
Há um artigo na InfoQ escrito por Mark Levison em 2008, chamado Can Product Owner and Scrum Master be Combined? (em uma tradução livre, “Product Owner e Scrum Master podem ser combinados?”) – disponível em http://www.infoq.com/br/news/2008/12/scrum-master-product-owner –, em que o tema de ter uma única pessoa gerindo projeto e produto é discutido. Tanto nas opiniões que compõem o texto – e que incluem testemunhos de pessoas como Mike Cohn e Ken Schwaber – quanto nos comentários feitos por leitores do artigo, é unânime que, apesar de ser possível combinar as duas funções – e, se o time for muito pequeno, é até aceitável –, o mais recomendado é que estas sejam desempenhadas por pessoas diferentes.
Todos os relatos vistos são baseados em fatos reais, mas sabemos que cada empresa tem sua própria realidade e seu próprio contexto. Então, o que é melhor fazer: deixar esses papéis separados ou combinados?
O ideal é você ir experimentando e, em algum determinado ponto, você encontrará uma combinação que seja a mais adequada para você, para o time com quem você trabalha e para a sua empresa. Note que cada grupo de pessoas tem sua dinâmica própria, e o que funciona em um grupo de pessoas pode não funcionar para outro.
Na Locaweb, tínhamos vários times desenvolvendo diferentes produtos, e cada um tem sua dinâmica própria onde o gestor de produtos assume responsabilidades diferentes em relação ao time. Em alguns, a responsabilidade pelas tarefas de gestão de projeto técnico – cuidar de questões de desenvolvimento, deploy e operação do produto – é tocada por um gestor de projetos, enquanto que, em outros times, essa responsabilidade é compartilhada entre o líder técnico da equipe e o gestor de produtos.
Por outro lado, em todos os times, o gestor de produtos exerce o papel de gestor de projetos para todas as tarefas não técnicas. Isto é, coordena com o time de marketing a comunicação do produto, coordena com o jurídico e com o financeiro suas necessidades legais e fiscais, suporta marketing no treinamento para as equipes de vendas, e cuida de passar o conhecimento para a equipe de suporte técnico.
Enfim, procure encontrar um equilíbrio que faça sentido para você, para o seu time e para empresa que você trabalha, só tome cuidado para não absorver todas as funções de gestão de projetos. Procure dividi-las com alguém, principalmente as questões técnicas; caso contrário, não sobrará tempo para você gerir seu produto.
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