É comum ouvir comentários de pessoas que estão conhecendo a área de gestão e desenvolvimento de produtos digitais e mesmo daquelas que já estão dentro há alguns anos de que essa área é cheia de frameworks, uma palavra em inglês que pode ser livremente traduzida para ferramentas.
Visão de produto, mapa de troca de valor, estratégia de produto, estrutura de time, tribo, squad, capítulo, OKR (Objectives and Key Results), roadmap, backlog, design sprint, scrum, sprint, retrospectiva, design thinking, persona, ICP (ideal customer profile), mapa de empatia, metodologias ágeis, kanban, daily review, lean startup, user story mapping, jobs to be done, a/b test, product analytics, customer development, growth, product-led growth, AARRR (aquisição, ativação, retenção, receita e recomendação), MVP (Minimum Viable Product), business model canvas, customer journey maps, continuous delivery, kano model, matriz valor vs esforço, matriz BCG, ciclo de vida de um produto, análise SWOT, RASCI (responsible, accountable, support, communicated, informed), matriz poder-interesse, e assim vai.
Não é a toa que as pessoas se assustam. A quantidade de ferramentas e frameworks é enorme, e ainda tem um monte com nomes em inglês de difícil tradução para o português (roamap = mapa da estrada?).
É importante conhecer essas ferramentas e saber como usá-las. Algumas são usadas com mais frequência, outras com menos frequência, mas todas elas são úteis quando usadas para os problemas e situações mais apropriadas. Fazendo uma analogia com ferramentas físicas, mesmo para fixar um parafuso existe chave-de-fenda, chave philips. chave allen e assim por diante.
Contudo, antes de conhecer as ferramentas é muito importante entender os princípios que norteiam o desenvolvimento e a gestão de produtos, pois são esses princípios que justificam o uso dessa ou daquela ferramenta.
Um princípio é uma proposição ou valor que é um guia para um comportamento ou uma avaliação.
Fonte: wikipedia
Ou seja, princípio é aquilo que norteia o comportamento que devemos ter quando lidamos com alguma situação. É um conceito que anda junto com o conceito de valores que compõem a cultura de uma empresa ou de um grupo de pessoas. Tenho abordado esse tema há bastante tempo, ao ponto de em meu último livro eu dedicar 12 capítulos ao tema.
E quais são os princípios por trás do desenvolvimento de produtos digitais de sucesso? Aqui estão:
Quanto mais cedo apresentarmos o produto aos nossos usuários, melhor, pois poderemos receber feedback de usuários reais que poderão usar o produto em seu próprio contexto, e teremos oportunidade de receber o retorno que esperamos desse produto. Neste artigo, explico as 4 razões pelas quais é tão importante fazer entregas rápidas e frequentes.
Conforme explicado neste artigo, um passo muito importante na criação de uma boa solução é entender o problema. Quando ouvimos falar de um problema, imediatamente começamos a pensar em soluções. No entanto, quanto mais tempo passamos aprendendo sobre o problema, mais fácil será encontrar uma solução, e as chances são boas de que essa solução seja mais simples e rápida de implementar do que a primeira solução que pensamos, e maiores as chances de criarmos algo inovador.
Além de ser capaz de entregar com antecedência e com frequência e estar focado em problemas, a equipe de desenvolvimento de produto tem que entregar resultados. Resultados de negócios, bem como resultados para o cliente e usuário do produto. Discuti esse princípio neste artigo, onde deixei claro que entregar funcionalidades não é um resultado. Todas as funcionalidades são um meio que serve a um fim, o atingimento de um objetivo de negócio.
Esse princípio significa tomar decisões que criem valor para todos os atores do ecossistema onde a empresa atua. Essas decisões não podem prejudicar nenhum dos participantes do ecossistema. Neste artigo eu expliquei detalhadamente com um exemplo do Gympass da aplicação da mentalidade de ecossistema na prática. Se a empresa for uma plataforma ou marketplace, esse princípio é bastante fácil de entender, mas também se aplica se o negócio não é plataforma nem marketplace. Se você é um negócio com um tipo único de cliente, o ecossistema é formado pelo cliente e pelo seu negócio, e esse princípio significa que você não pode tomar decisões que beneficiem o negócio mas prejudiquem o cliente ou vice-versa. Esse princípio se baseia no conceito de customer-centricity (foco no cliente), mas o expande para incluir todos os clientes diferentes e os negócios nessa mentalidade.
Por exemplo, Continuous delivery é uma excelente ferramenta para nos ajudar a entregar rápido e com frequência, assim como as metodologiais ágeis. Design thinking é uma ótima ferramenta para nos ajudar a ter foco no problema e a pensar em diferentes possibilidades de solução para aquele problema. Jobs to be done também é uma ótima ferramenta para foco no problema. Gosto muito de usar OKRs para ajudar no acompanhamento de entrega de resultado, e também para focar no problema (que problema precisamos resolver = que objetivos queremos alcançar). Além disso, OKRs com checkin semanal ajuda a entregar rápido e com frequência. Product analytics também é muito útil para entrega de resultado. Visão de produto com mapa de troca de valor é minha ferramenta preferida para ajudar a visualizar a necessidade de mentalidade de ecossistema.
Contudo, elas não são as únicas. Você pode, entendendo os princípios de desenvolvimento de produtos, encontrar outras ferramentas e até mesmo criar a sua própria ferramenta. Você também conseguirá discernir se deve usar uma ferramenta ipsis litteris, ou se serão necessários ajustes na ferramenta para o seu cenário.
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