Semana passada um conhecido empreendedor brasileiro recebeu a seguinte pergunta “Se sua mulher fosse CEO de uma grande companhia, vocês estariam noivos?” a qual ele respondeu dizendo “Deus me livre de mulher CEO”, adicionando que “essa não é o melhor uso da energia feminina” e que “o maior benefício de uma mulher” é “o uso da energia feminina nos lugares certos, lar e família.”
Esse post teve grandes respercussões, que tiveram como consequência esse empreendedor se afastando de um conselho de uma empresa, renunciando ao cargo de CEO de sua própria empresa e colocando um mulher para ser CEO dessa empresa.
A falta de equidade de genêro é um tema muito importante pra mim. Equidade de Gênero leva em conta as diferenças nas necessidades e circunstâncias de cada gênero, garantindo que todos tenham as mesmas oportunidades de sucesso. Equidade foca em fornecer o suporte necessário para alcançar esse equilíbrio.
Como já escrevi anteriormente, diversidade é a base dos melhores produtos. Quando liderei times de desenvolvimento de produto, que normalmente têm mais homens, eu buscava dar espaço para ter não só mais mulheres nesses times como também mais líderes mulheres.
Na Conta Azul, entre 2016 e 2018, o número total de colaboradores quase dobrou, passando de 60 para 116, enquanto o número de mulheres aumentou quase quatro vezes, de 4 para 15. Já no Gympass, entre setembro de 2018 e agosto de 2019, o número total de colaboradores aumentou 2,5 vezes, enquanto o número de mulheres cresceu 3,6 vezes e o número de mulheres em posições de liderança quadruplicou, de 1 para 4.
Para chamar a atenção para essa falta de equidade, venho, de forma intencional, escrevendo e falando no feminino: a cliente, a gestora de produto, a líder, a CEO.
Tenho uma filha de 18 anos, e sempre me preocupei com as desigualdades enfrentadas pelas mulheres. Agora que ela está prestes a tirar a carteira de motorista, sinto uma preocupação maior ao pensar nela dirigindo sozinha à noite, algo que talvez não sentiria da mesma forma se fosse um filho. Essa diferença de sentimento não é por falta de confiança nela, mas porque sabemos que, infelizmente, o mundo ainda não oferece a mesma segurança para mulheres.
Recentemente, li Invisible Women, da Caroline Criado Perez, que aborda como, historicamente, os dados usados para criar políticas, produtos e serviços ignoram as necessidades e realidades das mulheres.
Um exemplo simples: banheiros públicos femininos e masculinos costumam ter o mesmo tamanho, mas as mulheres tendem a levar mais tempo, seja por questões fisiológicas ou por necessidades específicas como trocas de roupas, cuidados com crianças ou menstruação. Isso é uma mostra clara de que muitas vezes as necessidades das mulheres não são totalmente consideradas.
Nosso papel é criarmos ambientes onde mulheres tenham mais visibilidade, oportunidade e voz, e possam ser cada vez mais protagonistas.
Na área de produtos, temos o trabalho incrível das Mulheres de Produto liderado pela incrível Jacqueline Yumi Asano. Também deixo aqui minha admiração por três CEOs fantásticas com quem tenho trabalhado recentemente em meus trabalhos de consultoria: Marcela Quint, CEO da Aurum, Juliana Carsoni, CEO da Juntos Somos Mais, Mariana Sensini, General Manager da footbao e Juliana Freitas, CEO e fundadora da FortBrasil.
Ainda temos um longo caminho para alcançar uma verdadeira equidade de gênero, e essa mudança é nossa responsabilidade. Vou continuar promovendo essa mudança, e te convido a fazer o mesmo, tanto em nossas vidas pessoais quanto profissionais.
Ajudo líderes de produto (CPOs, heads de produtos, CTOs, CEOs, tech founders, heads de transformação digital) a enfrentarem seus desafios e oportunidades de produtos digitais por meio de treinamentos e consultoria em gestão de produtos e transformação digital.
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