Em minhas sessões de mentoria e consultoria, frequentemente encontro uma divisão entre as áreas de negócios e produto. De um lado, times responsáveis por estratégia, operação, análise de mercado, geração de receita e relacionamento com clientes. Do outro, equipes focadas no desenvolvimento, evolução e aprimoramento do produto, compostas por gestoras de produto, designers de produto e engenheiras de produto.
Essa divisão é muito comum em empresas tradicionais e tradicionais nascidas digitais, como expliquei em outro artigo e resumo aqui:
Exemplos:
Essa divisão também ocorre em empresas digitais, cujo produto principal é o software ou tecnologia que desenvolvem. Em muitas dessas empresas, tanto SaaS quanto de software on-premises, o time de desenvolvimento de produto frequentemente executa demandas de aclientes atuais ou potencias, trazidas pelo time de vendas e de suporte.
Outro ponto recorrente é a confusão em relação ao termo produto. Enquanto nas equipes de desenvolvimento de produto temos gestoras de produto, designers de produto e engenheiras de produto, as áreas de negócio frequentemente afirmam que elas é que definem o produto.
Um exemplo onde encontrei essa situação é uma edtech de idiomas, em que as pessoas que desenvolviam o conteúdo acadêmico diziam que elas eram responsáveis pelo produto, afinal o produto que era vendido para as clientes eram os cursos de idiomas. Outro exemplo são minhas clientes do mercado financeiro, as fintechs, que costumam dizer, com razão, que o produto é o crédito, a conta corrente, a conta investimento, ou seja, os produtos financeiros que elas oferecem às suas clientes.
Nessas situações costumo sugirir o uso de termos compostos, como produto acadêmico e produto digital na edtech, ou produto financeiro e produto digital na fintech. Essa abordagem trouxe um alívio generalizado às minhas clientes, ajudando a clarear papéis e responsabilidades.
Nas empresas tradicionais e nas tradicionais nascidas digitais, o produto entregue é uma soma do produto digital com o produto não digital. No Nubank, por exemplo, temos os produtos financeiros (como cartão e conta) entregues via produtos digitais. Já na Netflix, o produto é a soma do conteúdo com as plataformas que o entregam.
A tecnologia tem se firmando como elemento central nas estratégias corporativas. Por esse motivo, essa dicotomia entre negócio e produto torna-se um grande obstáculo ao crescimento e inovação. Para superá-la, é essencial integrar estrategicamente negócios, produto e tecnologia.
O primeiro passo é mudar a forma que operamos, ou seja, mudar nossa cultura organizacional. Cultura é como um grupo reage às situações, seus “combinados”. Empresas que colocam a tecnologia no centro de sua estratégia colocam produto, tecnologia e negócio no mesmo nível para a tomada das decisões estratégicas. Isso só funciona quando a cultura é guiada por princípios claros.
Uma vez que começamos a evoluir a nossa cultura organizacional com os princípios acima, devemos direcionar esforços nos seguintes temas:
A separação entre negócios e produto é um resquício de um tempo em que a tecnologia não era o coração das operações. Hoje, integrá-los é essencial para aumentar as chances de sucesso das empresas.
Esse é o segredo de empresas como Netflix, Nubank e Amazon: tratar negócios, produto e tecnologia como dimensões interdependentes de uma mesma moeda, essenciais para a estratégia e execução.
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