O termo “Product Owner” aparece frequentemente ao discutir gerenciamento de produtos. Minha última postagem no LinkedIn sobre as diferenças entre Product Owner e Product Manager, que eu achava que era um tópico antigo, gerou um grande número de reações, comentários e repost. Esse volume substancial de reações me fez perceber que devemos discutir essas diferenças mais profundamente.
Originalmente concebido como uma função crítica para maximizar o valor do produto, o Product Owner foi imaginado como uma pessoa única e capacitada que faz a ponte entre as equipes de negócios e de desenvolvimento de software. Introduzido formalmente no início dos anos 2000 por Ken Schwaber e Jeff Sutherland, signatários do Agile Manifesto, e posteriormente padronizado no Scrum Guide, as responsabilidades da pessoa Product Owner se concentram em gerenciar o backlog, priorizar o trabalho e garantir que a equipe entregue valor às stakeholders.
No entanto, à medida que o Àgil ganhou popularidade e os times adotaram o Scrum de diversas maneiras, o termo “Product Owner” evoluiu — e nem sempre de maneiras que se alinham com sua intenção original. Esses usos indevidos destacam por que o termo “Product Owner” pode não servir mais ao propósito pretendido e por que evitar seu uso pode beneficiar práticas mais amplas de gestão de produtos. Quando a função de Product Owner é reduzida a tarefas administrativas ou confundida com funções não relacionadas, isso geralmente leva a responsabilidades fragmentadas, ownership pouco claro e colaboração enfraquecida. Isso, por sua vez, dificulta a capacidade de uma organização de fornecer uma visão de produto coesa e estratégias alinhadas com as necessidades do cliente para gerar resultados de negócio significativos.
Com esta série de artigos vou examinar três equívocos comuns sobre o termo “Product Owner” no contexto mais amplo da prática de gestãop de produtos. Explorarei suas origens, desafios e soluções para ajudar os times a repensarem as funções do produto, permitindo melhor alinhamento com as necessidades do cliente, uso eficaz da tecnologia e melhores resultados de negócio.
Sem mais delongas, vamos nos aprofundar no primeiro equívoco.
Provavelmente sou uma das pessoas culpadas por esse equívoco por causa da imagem abaixo:
Para ilustrar como esse equívoco evoluiu, gostaria de compartilhar minha experiência com as funções de BA, PO e PM em diferentes organizações. Aqui está a história por trás dessa imagem.
Em meados dos anos 2000, implementamos metodologias ágeis na Locaweb. Aprendemos sobre o Scrum e rapidamente adotamos o termo “Product Owner” para nos referirmos à pessoa que conecta a equipe de desenvolvimento de produtos com as necessidades da cliente e os resultados do negócio. Naquela época, usávamos os termos “Product Owner” e “Product Manager” de forma intercambiável.
Em 2016, me juntei à Conta Azul como CPO. Quando entrei, uma das primeiras coisas que me disseram durante a integração foi que eles tinham acabado de visitar algumas empresas de tecnologia no Vale do Silício e percebido que muitas tinham extinto a função de QA. Por esse motivo, eles decidiram fazer o mesmo e deram aos QAs existentes a nova função de Analistas de Negócios (BAs) responsáveis por especificar o que cada equipe de produto precisava fazer. Depois de algumas conversas com os gerentes de produto mais sêniores do time, construímos a imagem acima para explicar a carreira de gerenciamento de produtos dentro da Conta Azul.
Quando entrei para o Gympass em 2018, vi o uso crescente do termo “Associate Product Manager (APM)” como referência a uma carreira mais júnior em gestão de produtos. Marissa Mayer criou esta função no Google em meados dos anos 2000 como parte de um programa criado para cultivar e treinar a próxima geração de líderes de produtos. Ao contrário das funções de BA/PO, que geralmente se concentram em especificações e priorização, a função de APM enfatiza o gerenciamento de produtos de ponta a ponta e o pensamento estratégico, tornando-se um ponto de entrada natural na carreira de gestão de produtos. Por esse motivo, abandonei o uso de BA e PO na carreira de gestão de produtos e os substituí pelo termo APM, como na imagem abaixo:
Então aí está: o primeiro equívoco, pensar que PO é um degrau na carreira de PM, meu mea-culpa, e como evitá-lo.
Nos próximos artigos, falarei sobre dois outros equívocos muito comuns sobre o uso do termo “Product Owner” em Gerenciamento de Produtos, por que eles acontecem e como evitá-los:
Fique ligado!
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