Eu tinha planejado falar hoje sobre números mas como acabou de chegar a revisão da entrevista que fiz com o Flavio Pripas da byMK/fashion.me, resolvi publicá-la antes pois é bem interessante! 🙂
A byMK nasceu como um hobby para Flavio Pripas e Renato Steinberg. Ambos trabalhavam na coordenação do departamento de tecnologia do Credit Suisse Hedging-Griffo, banco de investimentos formado pela parceria entre a Hedging-Griffo e o banco Credit Suisse quando surgiu a ideia de fazer o site.
A byMK – que hoje se chama fashion.me – é uma rede social brasileira de Moda e Estilo. Nela as pessoas têm a oportunidade de viver a experiência de criar seus próprios looks com as peças que são colocadas no site pelos parceiros ou que são capturadas da Internet pelos próprios usuários, podendo compartilhar opiniões, criar contatos e exercitar sua criatividade.
Guia da Startup: Como surgiu a ideia de fazer a byMK?
Flavio Pripas: O Renato e eu trabalhávamos na área de TI do Credit Suisse Hedging-Griffo e, por isso, estávamos sempre ligados em novas tecnologias. Ao mesmo tempo, pensávamos em criar um site para que nossas esposas tivessem algo para fazer. Surgiu então a ideia de criar um site sobre moda.
Como não somos conhecedores de moda, optamos por criar um site onde o usuário pudesse gerar o conteúdo. E que maneira mais bacana de o usuário criar o conteúdo do que o próprio usuário montar um look a partir de peças de roupa e acessórios?
GS: E o nome byMK, como surgiu?
FP: A minha esposa se chama Marcela, e a do Renato se chama Karen. Daí o nome byMK.
GS: Quanto tempo levou para ficar pronto?
FP: 4 finais de semana, que era quando tínhamos tempo para programar. Lançamos em agosto de 2008.
GS: Como vcs atraíram usuários para o site?
FP: Para isso usamos as esposas. Elas entravam em todos os sites e blogs de moda e faziam comentários sobre o tema que estava sendo discutido e apresentavam a byMK. Como o site tem um forte apelo social, os usuários acabavam indicado o site para seus conhecidos que viravam usuários tb. O que acabamos criando foi uma rede social de nicho. Até dezembro de 2008 a quantidade de acesso diários se mantinha sempre no mesmo patamar. A partir desse mês parece que atingimos o “tipping point”, ou seja, aquele ponto em que um pequeno acréscimo a um sistema provoca uma modificação de proporções que não podem ser explicadas simplesmente pelo acréscimo. É como o copo que derrama ao receber uma gotinha a mais. As visitas cresceram a tal ponto que em abril de 2009 já tínhamos alguns problemas sérios de escalabilidade.
Nesse momento, Renato e eu decidimos sair da vida corporativa e dedicar 100% de nosso tempo para o site.
GS: Que passo ousado! Nessa época vcs tinham alguma receita?
FP: Não. Decidimos usar nossas reservas para tocar a startup adiante e descobrir como a byMK poderia gerar receita.
GS: Como foi a busca por receita?
FP: Passamos a usar o que consideramos as duas principais ferramentas que um empreendedor precisa, telefone e cara-de-pau. Ligamos para algumas revistas de moda até encontrarmos a revista Estilo que topou em maio de 2009 fazer uma parceria no byMK usando a ferramenta de criação de looks e nos pagou com permuta de publicidade na revista. Ainda não era receita, mas era uma forma de trazer ainda mais tráfego para o site.
Nessa mesma época uma agência de publicidade nos contactou para criar uma campanha baseada em um concurso de looks para uma grande rede varejista. Isso nos deu a ideia de oferecer esse modelo de campanha para outras redes varejistas. Munidos de telefone e cara-de-pau, em maio de 2009 fechamos com a Renner. A campanha foi um sucesso, em 5 dias foram criados 1264 looks. Essa campanha rendeu à byMK sua primeira receita, R$ 10.000. Em junho de 2009 fechamos com a anita Online, outra rede vrejista com presença forte no sul do país. Em 2009 já contratamos um estagiário e um desenvolvedor. E no final do ano, uma designer visual, que conhecia de moda.
Daí saiu o modelo de geração de receita que, em janeiro de 2010 nos fez atingir a rentabilidade no mês, ou seja, receita suficiente para cobrir nossos custos mensais. Em 2009 o custo mensal era de R$ 5.000 por mês. Em 2010 conseguimos fechar R$ 500.000,00 de receita anual.
GS: Que problema a byMK resolve?
FP: Não era um problema declarado. As pessoas não falavam para nós que queriam uma rede social de moda. Contudo, percebemos que estávamos atendendo a uma necessidade latente.
GS: Como apareceu a oportunidade de ter investidor e pq vcs decidiram ter um investidor?
FP: Desde o princípio sempre ficamos com um foco de curto prazo, primeiro fazendo o produto, depois descobrindo como atrair usuários, em seguida descobrindo como gerar receita. Sempre foi um trabalho bem tático, de sobrevivência.
No início de 2011 paramos pensar o que queríamos da empresa. O objetivo não era ficar rico, nem ter uma empresa que apenas nos sustentasse, mas sim fazer algo de impacto.
Para fazer algo de impacto, precisávamos sair do modo de sobrevivência para poder pensar de forma estratégica e isso ia requerer dinheiro. Por esse motivo fomos buscar um investidor, o que conseguimos no final de 2011, a Intel Capital que é hoje nossa sócia minoritária.
GS: O que mudou, de bom e de ruim, depois da entrada do investidor?
FP: Como era algo que estávamos buscando, pois precisávamos do dinheiro e do conhecimento deles para poder causar o impacto que queremos causar, a entrada do investidor só teve lado bom.
GS: Qual o impacto que a byMK/fashion.me quer causar?
FP: Queremos evoluir de uma ferramenta de criação de looks para ser um site que incentiva e agrega todas as pessoas que querem conversar sobre moda, no Brasil e no mundo. Por esse motivo estamos preparando o lançamento do site em inglês e decidimos mudar o nome para fashion.me.
GS: Parabéns pelo sucesso até aqui e boa sorte nos seus próximos passos!
FP: Obrigado!
Próximo post
Vou deixar o assunto de números para a semana que vem e amanhã vou falar da diferença entre problema e necessidade, já que aqui vemos que a byMK endereça uma necessidade e não um problema.
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