Em meus artigos recentes, discuti por que “demandas de negócios => implementos de tecnologia” não funciona, por que as pessoas de negócios odeiam discovery e apresentei o conceito de MVD (Minimum Viable Discovery).
Hoje falarei sobre a prioridade nº 1 de toda Gestora de Produto que, acredito, será um bom complemento aos 3 artigos citados acima.
Para iniciar este artigo, quero propor um quiz. Com base na sua experiência, qual é a prioridade nº 1 de toda Gestora de Produto?
Vamos analisar cada uma das respostas acima para encontrar a resposta correta e entender melhor por que essa é a resposta correta:
Já mencionei no passado que criar a visão de produto é fundamental para que a líder de produto e a gestora de produto conseguir fazer seu trabalho. Sem:
é muito difícil fazer qualquer coisa com o seu produto. Como você prioriza sem saber para onde deve levar seu produto? Como dizer não às constantes solicitações dos stakeholders do seu produto (funcionários da empresa, clientes, parceiros)? A partir dessa visão, a Gestora de Produto pode criar uma estratégia clara de como executar essa visão. No entanto, essa não é a prioridade número 1 da Gestora de Produto. É um meio de executar essa prioridade nº 1.
Isso é o que venho discutindo nos meus últimos artigos e isso é muito importante para chegar à prioridade nº 1 da Gestora de Produto. Nunca devemos pular diretamente para a implementação de soluções, nem quando solicitados por pessoas de negócio para implementar sua demanda e nem quando soubermos de um problema e começarmos a implementar a primeira solução que nos vier à mente. Sabemos que, à medida que aprendemos algo sobre um problema, também devemos mapear hipóteses de solução e testar essas soluções o mais rápido possível para que possamos entregar a melhor solução o mais rápido possível. No entanto, da mesma forma que a primeira resposta, essa não é a prioridade nº 1. Novamente, é um meio para um fim.
Esta resposta é uma variação da resposta acima apenas tornando explícita uma boa ferramenta para iterar do problema à solução, a Árvore de Oportunidades. Mencionei essa ferramenta em meu artigo sobre os dois lados do product discovery. Ele ajuda uma equipe de produto a entender melhor o resultado esperado (outcame), mapear as oportunidades que podem gerar o resultado, gerar possíveis soluções para as oportunidades e construir experimentos para testar as soluções. No entanto, esta resposta é um pouco pior do que a resposta anterior porque fala sobre a criação de uma árvore de oportunidades completa. Devemos usar a árvore de oportunidades para ter uma compreensão boa o suficiente do problema para definir possíveis soluções e chegar ao resultado esperado (outcame) o mais rápido possível. E novamente, este é um meio para um fim. Não é a prioridade nº 1 da Gestora de Produto.
Vamos então juntar todas as respostas anteriores e fazer disso a prioridade nº 1 da Gestora de Produto, certo? Não! Conforme explicado acima, essas são todas as ferramentas que uma Gestora de Produto pode usar para alcançar sua prioridade nº 1. Além disso, acredito que seja bem fácil entender por que essa não é a resposta correta. Estamos perguntando qual é a prioridade nº 1 da Gestora de Produto, então essa prioridade não pode ser 3 coisas. Deve ser apenas uma coisa! Este é um erro comum em que algumas Gestoras de Produto incorrem, ter mais de uma prioridade. Quando se pergunta para uma Gestora de Produtos quais são suas prioridades, ela acabe citando uma lista de coisas, o que é até certo ponto OK se, e somente se, ela souber e trabalhar constantemente em sua prioridade nº 1, que saberemos qual é daqui a pouco! (=
Acho que depois de ler a explicação de por que as 4 respostas anteriores estão incorretas, você provavelmente sabe que “nenhuma das anteriores” é a resposta correta. No entanto, apesar de esta ser a resposta correta, ainda não está claro qual é a prioridade nº 1 da Gestora de Produto. Mesmo que eu tenha dado algumas dicas acima, deixe-me agora deixar isso explícito.
Deixe-me repetir mais uma vez: a prioridade número 1 de toda Gestora de Produto é gerar resultados o mais rápido possível.
Como mencionei nos comentários sobre cada uma das respostas acima, as respostas 1, 2 e 3, são todos meios para um fim, e este fim é gerar resultados o mais rápido possível. Gerar resultados para a empresa que possui o produto e investe na construção do produto, e resultados para o cliente, ou seja, resolver seus problemas e atender suas necessidades. Precisa ser o mais rápido possível, pois gerar resultados custa dinheiro e quanto mais tempo gastarmos na geração de resultados, mais dinheiro gastaremos.
Acima citei algumas boas ferramentas para obter resultados, mas não devemos esquecer que são ferramentas para nos ajudar a gerar resultados o mais rápido possível. OKR, roadmap, prova de conceito, MVP, MVD, discovery, teste de usabilidade, protótipo, no-code/low-code, site, app, funcionalidade, bot, algoritmo, árvore de oportunidades, mapeamento poder x interesse, RASCI, matriz BCG, curva de adoção de tecnologia, estrutura de equipe, modelo de Tuckman, lei de Conway, ágil, lean, e a lista pode ser bem extensa, mas tudo isso são ferramentas para que possamos gerar resultados para o negócio e para o cliente. Até o produto, a palavra que vai no título da função da Gestora de Produtos, é uma ferramenta para gerar resultados.
A propósito, gerar resultados o mais rápido possível não é a prioridade nº 1 apenas da Gestora de Produto. É a prioridade nº 1 de toda a equipe de desenvolvimento de produtos. Engenheiras, Designers de Produto e Gestoras de Produto que trabalham tanto em equipes de produto, bem como em equipes estruturais (dados, devops, arquitetura, etc). A equipe deve ter sempre uma prioridade nº 1 comum para ser uma equipe. Caso contrário, eles serão um grupo de pessoas que sentam juntas (ou que têm um canal no slack para equipes remotas) e que têm sessões periódicas de planejamento e update, mas que trabalham em diferentes prioridades. E essa prioridade nº 1 é gerar resultados o mais rápido possível.
Dei alguns exemplos do foco em resultados em meus artigos anteriores. Quero dar outro exemplo da Lopes, a maior imobiliária do Brasil, onde lidero os esforços de transformação digital.
Para vender imóveis de um novo prédio, a Lopes e a construtora criam uma relação de parceria onde a construtora compartilha informações sobre preços, disponibilidade de unidades e leads, e a Lopes trabalha na venda dessas unidades com base em sua larga experiência na comercialização de lançamentos. Para cumprir suas atribuições nesta parceria, precisamos saber da construtora os preços de cada unidade que mudam frequentemente de acordo com a evolução das vendas. Precisamos também saber quais unidades estão disponíveis, e precisamos receber leads da construtora. Essas informações era enviadas através de arquivos para serem importados manualmente em nosso sistema. Todas as entradas manuais de informações tendem a ser lentas e sujeitas a erros, por isso fica claro que essa integração manual não é o ideal. A integração da Lopes com as construtoras não é diferente. Por ser uma operação manual, era feita uma ou duas vezes por semana, o que gerava informações desatualizadas sobre preços e unidades disponíveis em nossos sistemas para uso dos corretores. Além disso, quanto mais antiga a informação do lead, mais fria esse lead se torna e, provavelmente, o cliente em potencial descobre outras maneiras de receber as informações de que precisa e, eventualmente, fecha um negócio com outro vendedor.
Resolvemos esse problema usando a árvore de oportunidades, sempre com foco em gerar resultados o mais rápido possível:
Optamos pela Solução 3 porque era a que nos traria resultados mais rapidamente. Levamos apenas algumas semanas para ter o primeiro RPA funcionando e trazendo resultados. Estamos usando esta solução há mais de um ano. Ainda assim, nenhuma API foi fornecida pelos provedores do sistema de gerenciamento e, até o momento, não tivemos a necessidade de construir nossos próprios RPAs. O provedor de RPA funciona bem com um custo razoável e podemos focar nossa equipe para gerar resultados a partir de outras oportunidades.
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