No post anterior eu comentei que nesse post iríamos falar sobre como atrair visitantes para o site, mas como acabo de receber a primeira entrevista revisada, resolvi mudar a ordem e publicar hoje a primeira entrevista do Guia da Startup. A ideia aqui é contar a história e os números do começo de algumas startups brasileiras. Se vc tem alguma história para contar, entre em contato e vamos marcar uma conversa! 🙂
Nossa primeira entrevista é com o Rafel Lima, do Rio de Janeiro, sobre o Cobre Grátis, um sistema que permite a emissão de boleto bancário e oferece um plano grátis. Nos planos pagos há funcionalidades como boleto em PDF, URL do boleto, recorrência entre outros.
Guia da Startup: De onde surgiu o Cobre Grátis? Que problema ele resolve?
Rafael Lima: Antes do Cobre Grátis, em 2008, eu tinha uma outra startup, que ainda continua funcionando, chamada EmailFax para envio de fax pela internet. Nela eu tive a necessidade de fazer a cobrança via boleto bancário e não encontrei no mercado nenhuma solução que resolvesse minhas necessidades. Comecei então a fazer minha própria solução de boleto, já pensando em transformar em um produto independente. Ela foi melhorando ao longo do tempo ao ponto de, em outubro de 2009, eu tomar a decisão de trabalhar no produto em si, afim de lançá-lo no mercado.
GS: Ou seja, o Cobre Grátis nasceu da sua necessidade de resolver um problema seu?
RL: Exatamente!
GS: Na época da EmailFax vc se dedicava 100% do tempo a ela?
RL: Não. Eu trabalhava tempo integral numa empresa e o EmailFax foi feito à noite e nos finais de semana. O EmailFax é rentával, mas não tem receita recorrente, pois é baseado em créditos, por isso pensei em montar o CobreGrátis baseado no modelo de assinatura mensal. O CobreGrátis já é rentável, mas ainda não paga as minhas contas. Hoje não trabalho mais em uma empresa, mas tb não dedico 100% do tempo ao Cobre Grátis. Tenho outras iniciativas como o StartupDEV, que ajuda pessoas com ideias de startup a criarem seu MVP em 48 horas.
GS: Vc tem sócios no Cobre Grátis?
RL: Não eu faço tudo sozinho, assim como descrito na Bio do Nando Vieira “I don’t always build products but when I do, I do it end-to-end”. O modelo de negócios que eu quero para o Cobre Gratis depende de que ele seja tocado só por mim, ou seja, uma pessoa que seja o desenvolvedor do produto e do negócio, é uma restrição considerável, mas possível de lidar.
GS: Por que vc quis ter uma startup?
RL: Na verdade quando eu comecei, nem se falava tanto neste termo Startup. Minha motivação foi querer um negócio que pudesse ser automatizado ao máximo e que eu pudesse colocar a tecnologia para trabalhar pra mim, já que tenho essa habilidade por ser programador. Eu queria que esse negócio não fosse baseado em pessoas e tivesse uma percentual de lucratividade bem alto, mesmo que o volume financeiro fosse baixo. Minha principal motivação com o Cobre Grátis foi de montar um “life-style business”. Mas eu posso dizer que tenho uma motivação maior que é a de empreender por empreender e realizar cada vez mais. Isso que sustenta a minha caminhada e meus outros negócios (que são dependentes de pessoas).
GS: Como vc descobriu que o seu problema era também o problema de outras pessoas?
RL: Fiz uma campanha no Google AdWords que direcionou para uma pesquisa no Wufoo. Era um formulário bem simples, que perguntava nome, email e qual banco a pessoa gostaria de usar. Rodei a campanha por 3 meses, de novembro de 2009 a início de fevereiro de 2010. O custo total foi de aproximadamente R$ 800,00. Com isso obtive 12.939 visualizações e 1.396 pessoas interessadas. Uma taxa de conversão de 10.8% o que me mostrou que valia a pena investir nesse produto pois parecia ser a solução do problema de mais pessoas. Além disso consegui uma boa noção de quais seriam os primeiros bancos que eu deveria implementar.
GS: Como foi o processo de desenvolvimento do produto?
RL: Acabou sendo bem mais longo do que eu gostaria… Ah se existisse StartupDEV nessa época! Em fevereiro de 2010, com os dados na mão de que havia interesse, eu defini uma data de lançamento, julho de 2010, e comecei a trabalhar à noite e fins de semana mirando essa data. Contratei alguns freelas para me ajudar na programação e fui trabalhando. Chegando próximo da data vi que não ia dar defini nova data, 22/12/2010 que acabou virando 3/1/2011.
Num determinado momento rodei uma nova pesquisa para entender melhor quais features eu deveria focar e qual era a faixa de preço mais adequada. O resultado dessa pesquisa serviu para orientar o desenvolvimento bem como me ajudou a definir a precificação do produto.
GS: E por que aconteceram esses atrasos?
RL: Bem, eu escolhi fazer Bootstrapping, ou seja, auto-financiado, que por si só é uma opção mais lenta. Os atrasos ocorreram por dois motivos. O primeiro é que eu subestimei o trabalho que precisava ser feito. De fato até hoje eu subestimo, é muito difícil ter previsibilidade de esforço para desenvolvimento de software, principalmente quando se trata de um produto ou de um negócio cujo core-business é o sistema. O segundo motivo é que não consegui gerenciar meu tempo de forma melhor. Embora esteja muito satisfeito com o tempo que consegui dedicar no projeto durante esta fase, em alguns momentos não consegui trabalhar a quantidade de tempo que eu previa. Eu estava trabalhando em outra empresa que por alguns momentos me consumiu muito. Trabalhar nesta outra empresa era a minha prioridade. Quando percebi que queria que a minha prioridade fosse o Cobre Grátis, pedi demissão.
GS: E a parte de experiência do usuário e design?
RL: Todo o “look & feel” foi inspirado nos produtos da 37signals. Não me preocupei tanto com o design para o primeiro lançamento. Hoje me preocupo um pouco mais. A parte de experiência do usuário foi concepção minha pessoal. Esse projeto já passou por 4 “look & feel” diferentes até chegar onde está. O último trabalho de design eu mesmo que fiz, até por que decidi que iria ser designer além de programador e empreendedor. O Cobre Grátis é ao mesmo tempo um laboratório para meus testes. Estou trabalhando agora bastante na UX do produto. Vou implementar um wizard muito detalhado e embutir gameficação. Essa decisão foi baseada nas últimas análises das métricas que tirei do produto.
GS: E o logo?
RL: Para fazer o logo eu contratei o LogoNerds (http://logonerds.com).
GS: Depois que vc lançou, o que aconteceu?
RL: O “lançamento oficial” eu considero como sendo março de 2011. Mandei um newsletter para todos os 1.396 pessoas interessadas da época da pesquisa e desde então tenho recebido em média 30 novos cadastro por dia útil.
GS: O que você faz para atrair novos usuários para o seu site?
RL: Hoje eu conto com o marketing boca-a-boca. Vejo que ainda há uma grande dificuldade para os usuários configurarem e emitirem um boleto devido à s dificuldades de negociar com o banco. Das mais de 8.674 contas criadas, 1.470 emitiram boleto sendo 757 (mais da metade que emitiu boleto) emitiram somente 1 boleto. Não quero investir muito em marketing enquanto não resolver essa dificuldade de primeiro uso devido à s dificuldades que os clientes têm em lidar com o banco.
GS: E o Cobre Grátis é rentável?
É sim! Ainda não está no nível que eu quero mas é sim. Tenho hoje 72 clientes pagantes que emitem em média 150 boletos por dia. A receita mensal está em torno de R$ 1.470,00 e os custos estão em torno de R$ 1.000,00, sendo R$ 800,00 para uma pessoa que faz o atendimento aos clientes e mais R$ 200,00 de infra-estrutura.
Próximo post
Amanhã é dia de dica rápida e na quinta vamos falar sobre como atrair visitantes para o seu site.
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