No capítulo Qual a diferença entre gestão de marketing de produtos e gestão de produtos?, comentei sobre como os 4 Ps do marketing (Produto, Preço, Promoção e Praça) são distribuídos entre gestores de marketing de produtos e gestores de produtos. Essa é uma visão macro de divisão de responsabilidades. Nele, falei também sobre como esses times (marketing e gestão de produtos) devem trabalhar muito próximos para o sucesso dos produtos que eles desenvolvem e administram, sendo que o mesmo acontece em relação aos times de Engenharia e de UX, que, apesar de serem funções distintas, também devem trabalhar muito próximos com a gestão. Outra função que pode ter bastante sobreposição com o gestor de produtos é o gestor de projetos que, em times de desenvolvimento que trabalham com cultura ágil, são chamados de Scrum Master, Agile Coach ou Delivery Manager.
Essa proximidade costuma gerar algumas dúvidas do tipo: “Esta tarefa, quem é o responsável?”, “Esta outra tarefa, quem eu preciso consultar antes de levar ela adiante?” e “Para esta outra aqui, quem precisa estar junto comigo para eu conseguir concluí-la com êxito?”. Muitas vezes, acabam ficando bolas divididas: um acha que é responsável por determinada tarefa e o outro também acha. Ou pior, um acha que o outro é o responsável, e esse outro acha que o primeiro que era, e ninguém a faz.
RASCI é uma ferramenta muito útil para ajudar a definir e entender os papéis e responsabilidades de cada pessoa e cada função. É a abreviação das primeiras letras dos possíveis papéis que uma pessoa, área ou função pode ter em uma tarefa:
A seguir, está um exemplo de uma matriz de responsabilidade RASCI entre engenharia, UX, marketing de produtos e gestão de produtos que usamos na Locaweb:
O primeiro passo é fazer a matriz de responsabilidades. Minha recomendação é preencher essa tabela juntando todas as pessoas envolvidas em uma sala, assim pode-se discutir se a divisão de responsabilidade está boa para todos e se tem alguma tarefa faltando. Muito provavelmente, vão surgir algumas “bolas divididas”, mas esse é um ótimo momento para discuti-las e definir quem é o responsável.
Em seguida, deve-se experimentar fazer as tarefas seguindo a matriz responsabilidade por algum tempo, tipo um ou dois meses. Depois, é importante fazer uma retrospectiva para ver se está tudo certo, ou se é necessário algum ajuste.
Daí para a frente, o uso passa a ser automático e as pessoas não precisarão mais se referir à matriz de responsabilidades. A cada 1 ano ou quando surgir alguma dúvida, ou mesmo quando surgir alguma tarefa nova, é bom revisitá-la.
Existem outras áreas que a gestora de produtos se relaciona, mas que não trabalham tão próximas do desenvolvimento de produto. Para entender melhor esse relacionamento uma boa ferramenta é a matriz de poder-interesse.
A matriz de poder-interesse (do inglês Power-Interest Grid) é um conceito desenvolvido pela primeira vez na década de 90 por Aubrey L. Mendelow, e posteriormente explicado no livro, Making Strategy: Mapping Out Strategic Success, de Fran Ackermann e Colin Eden. Com base no poder e no interesse que uma pessoa ou equipe tem em seu produto, você pode classificá-los em 4 categorias principais.
É importante observar que cada empresa tem sua própria dinâmica, portanto, uma área ou pessoa que desempenha uma função específica na matriz de poder-interesse de uma determinada empresa pode ter outra função em uma empresa diferente.
Essas duas ferramentas são muito úteis para a gestora de produtos poder entender melhor como se relacionar com seus stakeholders e como gerenciar suas expectativas.
Contudo, essas ferramentas ficam mais poderosas quando utilizadas com empatia, ferramenta fundamental para a gestora de produtos poder gerenciar seus stakeholders. Empatia é a capacidade que uma pessoa tem de se colocar no lugar de outra para compreender os suas expectativas. Seus anseios, motivações, necessidades e problemas.
Essa característica é importante para que a gestora de produto entenda os clientes e usuários do produto, saber como estes se relacionam com ele, e que problema esperam resolver ou que necessidade querem ver atendidas. Também ajuda a entender o impacto de seu produto no seu time e nas pessoas de outras áreas. Por fim, mas não menos importante, a gestora de produto também precisa se colocar no lugar dos donos do produto, para entender suas expectativas e os resultados que ele trará para a empresa.
No próximo capítulo vamos começar um nova parte do livro sobre gestão de portfólio de produtos.
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