São as empresas que fazem software e site sob encomenda para seus clientes. Esse tipo de empresa pode se beneficiar do Guia da Startup de duas formas. Uma forma é usando as técnicas discutidas aqui para criar um produto que gere uma receita mais constante que o trabalho sob encomenda. A outra forma é usando as técnicas aqui apresentadas para desenvolver sites e sistemas web melhores para seus clientes, eventualmente vendendo serviço não só de desenvolvimento de software e sites, mas tb de gerenciamento de software web e de sites.
Criação de um produto novo
Um dos casos mais clássicos de empresa que desenvolve software sob encomenda que desenvolveu produtos web de sucesso é a 37signals, empresa americana de Chicago que nasceu como uma agência web em 1999, fundada por Jason Fried. Para gerenciar seus projetos com seus clientes eles desenvolveram em 2003 um sistema interno para gestão de projetos, onde era possível manter a comunicação entre os membros dos projetos e os clientes, além de oferecer uma boa visão do andamento desses projetos. Esse sistema era tão elogiado pelos clientes da 37signals que Jason decidiu lançá-lo como um produto web em meados de 2004, com o nome de Basecamp. O sucesso foi tanto que no final de 2005 Jason decidiu não mais fazer trabalhos sob encomenda e se focar somente em produtos web. Desse produto saiu um framework de desenvolvimento web muito conhecido, o Ruby on Rails, que acelera consideravelmente o desenvolvimento de aplicações web por trazer uma série de funcionalidades web prontas. Hoje a 37signals tem 4 produtos web pagos, mais dois gratuitos, além de terem lançado 3 livros, sendo o Getting Real, com versão em português, o mais relevante para o desenvolvimento de produtos web.
Esse caminho seguido por eles é razoavelmente comum para empresas de desenvolvimento de software sob encomenda. Outro caso explicado aqui no Guia da Startup é o da empresa brasileira Caelum, que sempre se focou em ensino e em desenvolvimento de software sob encomenda. De uns tempos para cá eles decidiram não mais fazer software sob encomenda e resolveram se focar apenas em ensino, presencial e online. O ensino online acabou virando o produto web deles. Para conhecer a história toda, veja a entrevista que fiz com eles.
Repare que, em ambos os casos, o produto web nasceu da oportunidade que essas empresas viram em resolver um problema próximo. No caso da 37signals, o problema próximo era visibilidade do andamento dos projetos. No caso da Caelum, o problema próximo era atender à demanda crescente por cursos em localidades onde eles não tinham presença física para oferecer cursos presenciais. Se vc faz software sob encomenda, já tem alguns clientes e pode enxergar alguns padrões de problemas ou necessidades que vc pode conseguir resolver com um produto web.
Outro ponto importante é, faça rápido seu produto web. Além das 3 razões que já discutimos anteriormente, quando vc faz software sob encomenda, é muito difícil trocar receita imediata por receita futura. O trabalho sob encomenda gera receita imediata. O trabalho em desenvolvimento de produto é um investimento, que poderá dar bons resultados, mas só mais pra frente. Se vc demorar muito para lançar seu produto web, vc vai acabar não lançando nunca, pois aparecerão demandas de software sob encomenda com receita imediata que ganharão na prioridade. Faça um produto mínimo para testar sua ideia com usuários reais.
Uso nos projetos dos clientes
Como explicado anteriormente, todo site e sistema web pode e deve ser considerado um produto web e, sendo assim, as técnicas aqui apresentadas podem e devem ser aplicadas em qualquer projeto que vc fizer para seus clientes. Aliás, vc pode até cobrar um valor extra para fazer esses serviços. Imagine-se fazendo um site de ecommerce para seu cliente e oferecendo um serviço mensal de análise de métricas de conversão e de testes A/B. É um serviço mensal que vários de seus clientes terão interesse. Isso não é um serviço de desenvolvimento de site, mas sim de gestão de sistema web que pode te gerar uma receita recorrente.
Por outro lado, imagine-se sendo chamado por um laboratório de exames médicos que lhe pediu para fazer um sistema de consulta de exames via internet, ou então um jornal que pediu para vc fazer um sistema de publicação de notícias online. Claro que vc irá ter que conversar com seu cliente, o laboratório ou o jornal, para entender qual o objetivo deles em fazer esse sistema e entender que problema eles querem resolver com esse sistema. Contudo, além disso, é importante entender os usuários desse sistema e que problemas esses usuários querem resolver. Muitas vezes seus clientes não conhecem o suficiente seus clientes, especialmente no que se refere à s suas necessidades online.
O Manifesto para Desenvolvimento Ãgil de Software, escrito há mais de 10 anos, foi uma enorme revolução na forma de se fazer software:
Estamos descobrindo maneiras melhores de desenvolver
software, fazendo-o nós mesmos e ajudando outros a
fazerem o mesmo. Através deste trabalho, passamos a valorizar:Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas
Software em funcionamento mais que documentação abrangente
Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos
Responder a mudanças mais que seguir um planoOu seja, mesmo havendo valor nos itens à direita,
valorizamos mais os itens à esquerda.
Esse manifesto melhorou em muito a forma como software é desenvolvido, garantindo maior envolvimento do cliente durante o desenvolvimento do software. Contudo, um ponto fundamental que ele deixa de lado é que nem sempre o cliente é o usuário do software e nem sempre o cliente conhece o usuário do software e o problema desse usuário que o software deve resolver. Essa é peça chave para o suscesso do software, resolver o problema do seu usuário.
As empresas que desenvolvem software sob encomenda que ajudarem seus clientes a entenderem seus usuários e os problemas que esses usuários têm, certamente entregarão software de alta qualidade para seus clientes.
Próximo post
No próximo post, terceiro e último da série de posts sobre Guia da Startup para nao startups, vamos falar sobre as empresas que não têm conhecimento para desenvolver software.
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